BUDISMO

Category: , By Matheus Andrade
Nascentes da Espiritualidade Japonesa
por Paul Watt
Quando o Budismo entrou no Japão no século VI D.C., ela ja era uma religião mundialmente conhecida com uma história de mais de 1000 anos de idade. A forma de Budismo que predominou no Japão desde o início é conhecida como Mahayana, o Budismo do Grande Veículo, a qual trouxe consigo uma vasta biblioteca religiosa, uma doutrina bem elaborada, um clero bem organizado e uma estonteante tradição de arquitetura e arte sacra, ou seja, tudo o que faltava no Xintoísmo no século VI. Embora sua visão sobre o mundo e sobre a humanidade tenha sido sempre diferente da xintoísta, é importante entender que é possível encontrar tanto diferenças como similaridades das tradições nativas nos ensinamentos do Budismo Mahayana. Por um lado, por exemplo, o Budismo enxergava o mundo como uma etapa de transição ou uma fonte de sofrimento para aqueles que permaneciam ligados a ele, ou seja, uma visão muito contrastante com a "aceitação do mundo" adotada pelo Xintoísmo. Por outro lado, existia um grande otimismo no Budismo Mahayana que se aproximava bem do Xintoísmo, um otimismo sobre a natureza humana, onde acreditava-se que todos os seres humanos tinham o potencial the absorvar a sabedoria que traz o fim do sofrimento e um grande otimismo sobre o mundo em si, uma vez que os ensinamentos dizem que quando os humanos desapegam das coisas da Terra, o mundo passará a ter um novo e positivo significado.
Não é de se surpreender que a princípio os japoneses foram incapazes de gostar do Budismo do jeito que ele era. Eles viam o Buddha simplesmente como um outro kami e foram atraídos para esta religião pela beleza de sua arte e a esperança de benefícios concretos como riqueza e longevidade que, ao nível popular, eram prometidos pelo Budismo sem nenhum desdém. Porém, no século VII, os indivíduos capazes de compreender as mensagens começaram a emergir. Normalmente, nós podemos entender o desenvolvimento subseqüente do Budismo no Japão como o resultado de constante interatividade entre a religião estrangeira e a tradição religiosa local. O Budismo procurou conscientemente desenvolver uma conexão positiva com o Xintoísmo. E isto foi eventualmente conquistado través da identificação dos kami xintoístas como manifestações de diversos Budas e bodhistattvas que cresceram dentro do Budismo Mahayana. Através deste conceito, os budistas foram capazes de introduzir muitas de suas próprias idéias ao Xintoísmo e, por fim, argumanta-se que o Xintoísmo e o Budismo são versões complementares de uma mesma verdade fundamental, visão esta que ganhou uma vasta aceitação no Japão.
O efeito da tradição religiosa nativa no Budismo foi trazer à tona os aspectos que mais se ajustavam ao gosto dos japoneses. Isso pode ser ilustrado por breves referências às três seitas budistas que representam exclusivamente od desenvolvimentos japoneses: Seita Shingon de Kukai (774-835), Seita Terra da Verdadeira Pureza de Shinran (1173-1262) e a seita fundada por Nichiren (1222-1282) conhecida por seu próprio nome. Todas estas seitas estão vivas até hoje. A Seita Shingon está situada na corrente principal do Budismo, em termos de doutrina - enfatizando a transitoriedade da natureza da existência e chamndo seus seguidores a transcenderem o mundo comum do sofrimento - e na ampla linha de suas práticas, as quais enfatizam a importância da conduta ética, meditação e estudo. No entanto, o Budismo de Shingon defende um tipo diferente de meditação. Uma meditação mais complexa que a tradicional que envolve o uso de alguns gestos manuais simbólicos e discursos chamados de mudras e mantras, assim como uma forma de arte budista connhecida como A Mandala. A Mandala representa o universo como ele é visto pelos iluminados e serve como objeto de meditação. A pura complexidade da meditação de Shingon somada com a rica simbologia e a beleza da Mandala, proporciona a esta seita um ar de mistério que tem se provado bastante atraente a milhões de japoneses desde a era de Kukai até os dias de hoje.
Na Seita Terra da Verdadeira Pureza, encontramos um tipo bem diferente de Budismo, o qual defente a salvação pela fé ao invés da obtenção da iluminação através da prática da moralidade e da meditação. Baseada na crença de que conforme o passar do tempo os seres humanos encontram uma crescente dificuldade de seguir o exemplo do histórico Buda - idéia esta remanecente desde a época da Índia - é ensinado que na presente era a salvação pode ser adquirida apenas através da confiança na graça salvadora do celestial Buda Amida, que reside em uma terra pura no Ocidente. Esta crença tem sido abraçada por outros budistas não só no Japão, mas também na China e Índia; mas Shinran foi a primeira seita na história do Budismo a descrever a conclusão radical a caeitação de tudo deve levar ao abandonamento completo da disciplina monastérica. Conseqüentemente, desde a época da Shinran, tem sido comum aos sacerdotes da Seita da Terra da Verdadeira Pureza viverem e se casarem como pessoas leigas e as seitas têm sido um dos maiores desenvolvimentos no Japão.
Finalmente, observamos na Seita Nichiren uma certa superficialidade no Budismo através de uma maneira dramática, onde o forte senso de nacionalismo tem sido frequentemente relacionado ao sentimento religioso no Japão. Nichiren foi uma reformista fervorosa que focava muito a si própria e ao Japão como centro de um movimento mundial para reviver o que eles consideravam o verdadeiro Budismo.
Estas figuras e seitas não refletem, é claro, todas as muitas formas nas quais o Budismo foi transformado no Japão. Ao contrário, podemos extraír pequenas amostras das características mais visíveis do Budismo Japonês. Em Shingon, observamos uma forte atração aos elemsntos místicos e misteriosos, assim como formas estéticas de aprecisação e expressão. Na Seita da Terra da Verdadeira Pureza, vemos uma certa preferência por um tipo de Budismo que pode ser seguido dentro do contexto da vida cotidiana e na Seita Nichiren, detectamos uma consciência de identidade nacional sempre presente. Dada a ênfase do Xintoísmo nos rituais e figuras estáticas dos santuários, sua orientação sobre este mundo, e sua íntima conexão aos mitos das origens japonesas e a linha imperial, não é difícil de dicernir a influência da religião nativa e o cunho dessas mudanças.

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